Lula reage a ameaças tarifárias de Trump contra países do Brics: “Irresponsável”

Presidente brasileiro critica uso de redes sociais para diplomacia e reforça defesa do multilateralismo durante plenária com líderes do bloco

07/07/2025 18h51 - Atualizado há 2 semanas

Durante plenária com países-membros, associados e convidados do Brics, na manhã deste domingo (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou com firmeza as recentes declarações do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que ameaçou impor tarifas comerciais extras de 10% a países alinhados ao bloco em posições “antiamericanas”.

Lula classificou a atitude como “irresponsável” e demonstrou indignação com o uso de redes sociais para ameaças diplomáticas:

“Nem deveria comentar, porque não é responsável e sério. Um presidente da República, de um país do tamanho dos Estados Unidos, não pode ficar ameaçando o mundo pela internet”, disse Lula a jornalistas após a sessão.

Apesar da repercussão, nenhum representante dos países presentes ao encontro do Brics mencionou a declaração de Trump, de acordo com o presidente brasileiro.

“Não demos nenhuma importância para isso”, afirmou Lula, reforçando que o foco da plenária foi o fortalecimento da cooperação entre os países e a defesa de um mundo multipolar.

Brasil reforça crítica ao unilateralismo

Em declaração oficial divulgada pelo Brics neste domingo, o grupo criticou a “proliferação de ações restritivas ao comércio”, incluindo medidas tarifárias e não tarifárias consideradas incompatíveis com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

O documento cita a importância de um sistema multilateral de comércio transparente, aberto e não discriminatório. Fontes do governo brasileiro afirmaram que, com uma OMC plenamente funcional, “seria impensável usar tarifas como ferramenta de intimidação entre países”.

Lula: “O mundo mudou, não queremos imperadores”

Irritado com o tom da ameaça de Trump, Lula foi direto:

“O mundo mudou, não queremos imperador. Somos países soberanos. Se ele acha que pode taxar, os outros países também têm direito de taxar. Existe a lei da reciprocidade.”

Segundo fontes brasileiras ouvidas pela Reuters, a postura de Trump demonstra justamente o acerto do Brics ao questionar a concentração de poder global e defender uma nova governança multilateral.

“O Brics não surgiu para afrontar ninguém. É um modelo novo de fazer política internacional, mais solidário. Não somos um clube de privilegiados”, concluiu Lula.

Contexto da tensão

Desde sua presidência, Trump tem feito críticas constantes ao Brics, especialmente quando o grupo discute alternativas ao uso do dólar em transações internacionais. Em declarações recentes, o ex-presidente sugeriu que os países que aderirem a uma nova moeda comum fora da influência dos EUA enfrentariam tarifas de 100%.

Embora fontes próximas a Trump tenham sinalizado que as medidas tarifárias não seriam automáticas, a ameaça foi suficiente para gerar reação nos bastidores diplomáticos.

Brics busca protagonismo global com pluralidade

O Brics formado atualmente por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e países associados tem ampliado seu papel na geopolítica internacional, defendendo um mundo multipolar e a reformulação das instituições financeiras e comerciais globais.

A posição do Brasil segue alinhada à defesa de um sistema internacional mais justo, equilibrado e baseado no diálogo entre nações soberanas.


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