Governo brasileiro cobra explicações e pede retomada urgente do diálogo comercial com Washington
O governo brasileiro reagiu com firmeza à decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados ao país a partir de 1º de agosto. Em carta enviada nesta semana, o Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) expressaram “indignação” com a medida adotada pelo governo norte-americano.
O documento, assinado pelo vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi direcionado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio, Jamieson Greer.
“O governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos”, diz a carta oficial.
As autoridades brasileiras alertam que a medida prejudica setores-chave das duas economias e ameaça uma parceria construída ao longo de mais de dois séculos de relações bilaterais.
Segundo a carta, o comércio tem sido um dos principais pilares da cooperação entre os dois países e, mesmo diante de um déficit comercial acumulado de cerca de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos, o Brasil sempre agiu com boa fé e abertura para negociação.
O governo brasileiro recorda ainda que, em 16 de maio de 2025, enviou aos EUA uma minuta confidencial de proposta, com sugestões concretas para uma solução equilibrada. No entanto, até o momento, os norte-americanos não deram qualquer resposta.
“O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral”, finaliza a carta.
A imposição das tarifas e a falta de retorno ao esforço de negociação aumentam a tensão diplomática e comercial entre Brasília e Washington. O governo brasileiro avalia que a medida contraria princípios do multilateralismo e pode ferir regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Nos bastidores, há expectativa de que o tema gere reação política no Congresso Nacional e mobilização do setor produtivo, especialmente entre exportadores dos setores agrícola, industrial e de serviços.