O mundo amanheceu em alerta neste domingo (22) após uma operação militar coordenada pelos Estados Unidos atingir instalações nucleares estratégicas no Irã, reacendendo o temor de um novo conflito no Oriente Médio. A resposta iraniana não demorou: em pronunciamento transmitido pela televisão estatal, o regime de Teerã classificou o ataque como “um ato de guerra” e prometeu retaliação severa. “O verdadeiro desfecho será escrito por nós”, afirmou o porta-voz do governo iraniano. A frase que ecoa nas redes oficiais é clara: "Este é apenas o começo."
Segundo fontes locais, os bombardeios atingiram complexos nucleares em Fordow, Natanz e Isfahan, pontos críticos do programa nuclear iraniano. De acordo com o vice-governador de Isfahan, sistemas de defesa antiaérea foram acionados na madrugada para interceptar “alvos hostis”. Moradores relataram explosões intensas, provocando pânico em diversas regiões da província.
“Sabemos quem está por trás disso, e eles terão a resposta apropriada”, afirmou o oficial em entrevista à agência Fars News, ligada à Guarda Revolucionária Islâmica, braço militar de elite do regime.
Os efeitos do ataque repercutiram diretamente em Israel, aliado histórico dos Estados Unidos e rival declarado do Irã. O governo israelense ativou protocolos de emergência, determinando o fechamento de escolas, suspensão de eventos públicos e reforço em estruturas militares e civis estratégicas. Autoridades de defesa também elevaram o nível de prontidão em áreas próximas à Faixa de Gaza e às Colinas de Golã.
“Estamos preparados para qualquer cenário. A segurança da população está em primeiro lugar”, declarou um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), em comunicado oficial.
Do lado americano, o presidente Donald Trump adotou um tom triunfalista em suas redes sociais. Em publicação na Truth Social, ele celebrou o sucesso da operação:
“Ataques bem-sucedidos às instalações nucleares iranianas concluídos. Todas as aeronaves em segurança. Este é um momento histórico. Agora é hora da paz.”
A fala provocou críticas de diplomatas europeus, que pedem moderação e destacam o risco de uma escalada descontrolada. A União Europeia e a ONU convocaram reuniões emergenciais para discutir a situação.
O ataque ocorre após meses de impasse diplomático sobre o programa nuclear iraniano, que vem sendo gradualmente retomado após o colapso do Acordo Nuclear de 2015 (JCPOA). Autoridades americanas justificaram a ação como “necessária para impedir avanços tecnológicos irreversíveis” nas capacidades atômicas do Irã, especialmente após relatórios recentes indicarem enriquecimento de urânio acima de 60%, próximo do nível de armamento nuclear.
Teerã nega que esteja desenvolvendo armas nucleares, mas insiste em seu direito de utilizar a tecnologia para fins pacíficos. O país já havia alertado que qualquer ataque direto seria considerado uma “linha vermelha”.
Especialistas alertam para retaliações indiretas e cibernéticas, ataques por milícias aliadas ao Irã no Líbano, Síria, Iraque ou Iêmen, e riscos a navios comerciais no Estreito de Ormuz. A possibilidade de novos bombardeios e ações coordenadas por grupos como o Hezbollah é real.
“Entramos em um momento de altíssima tensão regional. Qualquer erro de cálculo agora pode escalar para um conflito total entre potências e alianças militares”, alerta Karim Sadjadpour, analista do Carnegie Endowment for International Peace.
Em Teerã, a população segue em estado de alerta. Longas filas se formaram em postos de combustível e supermercados. Em redes sociais, jovens compartilham vídeos de sirenes, explosões e manifestações de apoio às Forças Armadas.
“Não temos medo. Se nos atacarem, responderemos. Este país já enfrentou guerras antes”, declarou uma moradora da capital em entrevista à TV estatal.
O ataque às instalações nucleares iranianas representa um dos episódios mais graves da última década no tabuleiro geopolítico do Oriente Médio. A retaliação prometida por Teerã pode abrir um novo ciclo de confrontos, num momento em que o mundo já vive múltiplas crises simultâneas. Para analistas, a chave agora será a diplomacia se ainda houver espaço para ela.