Com o objetivo de fortalecer a segurança alimentar, combater a desnutrição e ampliar a renda de pequenos produtores rurais, a Embrapa lançou uma série de cartilhas técnicas sobre o cultivo de alimentos biofortificados, como macaxeira, feijão-caupi, milho e batata-doce. Essas variedades foram desenvolvidas com teores elevados de ferro, zinco e provitamina A, micronutrientes essenciais para a saúde, especialmente em comunidades em situação de vulnerabilidade.
As publicações são voltadas para agricultores familiares e técnicos de extensão rural, com linguagem acessível e foco prático. Cada cartilha apresenta orientações claras sobre boas práticas agrícolas, manejo adequado do solo, irrigação, controle de pragas e colheita, além de dados sobre produtividade e valor nutricional.
O material foi produzido com o apoio da Rede BioFORT, iniciativa da Embrapa dedicada à pesquisa e à promoção da biofortificação de alimentos no Brasil. Os conteúdos estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com destaque para o ODS 2, que visa erradicar a fome e melhorar a nutrição global.
"A biofortificação é uma estratégia eficaz para melhorar a qualidade da alimentação onde o acesso a alimentos saudáveis é limitado. São cultivos enriquecidos nutricionalmente, sem mudar os hábitos alimentares tradicionais", explica o analista da Embrapa, Jaime Carvalho, primeiro autor das publicações.
As cartilhas estão disponíveis gratuitamente nos links abaixo e têm coautoria de Adriana Paula Soares Ferreira, Hiallel Hanna Carneiro dos Santos, Vladimir Bomfim Souza e Vitor Guilherme de Souza.
Com alto teor de betacaroteno (provitamina A), a macaxeira biofortificada apresenta raízes de polpa amarela com até 9 µg de betacaroteno por grama. As cultivares BRS Gema de Ovo, BRS Jari e BRS Dourada são recomendadas para o Norte e Nordeste, com potencial produtivo médio de 41 toneladas por hectare.
Variedade adaptada ao semiárido e regiões tropicais, o feijão-caupi biofortificado contribui para a redução da anemia e fortalecimento do sistema imunológico, graças ao seu alto teor de ferro e zinco. As cultivares BRS Aracê, Tumucumaque e Xiquexique são produtivas, resistentes a doenças e bem aceitas no mercado.
Com até três vezes mais provitamina A que milhos comuns, o BRS 4104 é ideal para famílias agricultoras que desejam produzir e conservar suas próprias sementes. Além da nutrição reforçada, a variedade contribui para a sustentabilidade e redução de custos, com bom desempenho agronômico e tolerância a pragas.
Popular entre comunidades rurais, a batata-doce biofortificada possui cor alaranjada intensa, sabor adocicado e grande valor nutricional. A variedade Beauregard é rica em provitamina A e ideal para diversificar a alimentação e garantir saúde desde a infância, com boa produtividade e aceitação no mercado local.
Uma ferramenta de desenvolvimento rural
Desde 2017, a Embrapa, por meio do Núcleo de Responsabilidade Socioambiental (Nures), realiza ações de transferência de tecnologia com foco na agricultura familiar, capacitando produtores e técnicos para o uso dos alimentos biofortificados como ferramenta de combate à fome oculta – a deficiência silenciosa de micronutrientes essenciais na dieta.
Essas ações têm sido fundamentais para unir segurança alimentar e geração de renda, promovendo o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais. As cartilhas são mais do que materiais técnicos: são instrumentos de transformação social.