O mercado de reposição bovina segue em trajetória ascendente. Na parcial de junho, o bezerro CEPEA referência para o Mato Grosso do Sul atingiu R$ 2.959,95 por cabeça no dia 10, a maior cotação diária do ano. Este é o quinto mês consecutivo de alta na categoria, o que reforça os sinais de recuperação após as pressões observadas em maio.
Apesar do preço elevado, especialistas avaliam que ainda é um bom momento para recomposição de plantel. A razão é a combinação de oferta futura restrita, relação de troca favorável e demanda firme, tanto interna quanto externa.
Segundo o analista Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, a atual relação de troca entre boi gordo e bezerro desmamado em São Paulo está em 8,5 arrobas por cabeça, uma leve melhora em relação ao mês anterior.
“Mesmo abaixo dos melhores patamares de 2023/24, a troca atual está melhor do que no ápice da alta, quando era preciso entre 9 e 10 arrobas por bezerro”, explica Fabbri.
Essa janela de oportunidade ganha relevância diante da expectativa de queda na produção futura de bezerros, consequência direta do aumento no abate de vacas.
Dados do IBGE revelam que 49% dos bovinos abatidos no primeiro trimestre de 2025 eram fêmeas, o maior índice histórico para o período. Isso deve impactar a produção de bezerros nos próximos ciclos, pressionando ainda mais os preços da reposição.
Mesmo com o aquecimento no mercado de reposição, a oferta de boi magro segue restrita, de acordo com o CEPEA, o que tem sustentado os preços elevados. Além disso, as escalas de abate seguem curtas entre 4 e 10 dias úteis — forçando frigoríficos a reajustar valores pagos pelos lotes.
O comércio internacional também colabora com a firmeza do mercado. De janeiro a maio de 2025, o Brasil arrecadou R$ 5,8 bilhões com exportações de carne bovina, alta de 22% frente ao mesmo período de 2024, segundo a Secex. Já a exportação de bovinos vivos somou US$ 104,82 milhões em maio, mais que o dobro do valor registrado no mesmo mês do ano anterior.
Apesar das cotações expressivas, o valor atual do bezerro ainda está abaixo do pico histórico de 2021, o que leva analistas a afirmarem que o ciclo de valorização está apenas começando. Historicamente, cada ciclo tende a superar o anterior, e o cenário atual de demanda externa aquecida, oferta limitada e consumo interno estável reforça essa tendência otimista.
Para pecuaristas com foco no médio e longo prazo, a avaliação é clara: este pode ser o melhor momento para investir na reposição. A relação de troca ainda atrativa, associada à perspectiva de menor oferta futura e escalas de abate curtas, cria um ambiente propício à recomposição estratégica do rebanho antes que os preços avancem ainda mais.