A produção de cacau tem ganhado espaço no Sul do Pará como alternativa viável e lucrativa para agricultores familiares interessados em diversificar suas atividades e recuperar áreas degradadas. Impulsionada pelo clima favorável, pela boa adaptação do solo e pelo apoio de programas de assistência técnica, a cultura do cacau se consolida como oportunidade para quem busca renda sustentável e baixo impacto ambiental.
Municípios como Tucumã, Ourilândia do Norte, São Félix do Xingu e Xinguara estão entre os principais polos emergentes da cacauicultura na região. As iniciativas combinam tradição agrícola com tecnologias simples de manejo, e atraem tanto pequenos quanto médios produtores.
Etapas para iniciar o cultivo de cacau
A implantação de um cacaual exige planejamento e acompanhamento técnico. Abaixo, os principais passos recomendados para quem deseja iniciar o plantio:
Escolha da área e análise do solo
O cacau se desenvolve bem em áreas de solo fértil, bem drenado e com boa cobertura vegetal. Antes do plantio, é essencial realizar a análise do solo para corrigir o pH (ideal entre 5,5 e 6,5) e identificar nutrientes ausentes.
Sombreamento e consórcios agroflorestais
O cacau é uma planta de sombra natural. No Sul do Pará, é comum utilizar sistemas agroflorestais com espécies como banana, seringueira, cupuaçu e açaí. Esses consórcios ajudam na proteção das mudas, diversificam a renda e favorecem a recuperação ambiental.
Mudas e plantio
Recomenda-se o uso de mudas clonais ou enxertadas de variedades resistentes a pragas e produtivas. O espaçamento padrão pode variar entre 3x3 metros ou 3x2,5 metros, dependendo da topografia e da condução do plantio.
Tratos culturais e irrigação
A adubação deve seguir a orientação técnica, conforme a análise de solo. Embora o cacau seja resistente, o controle de plantas invasoras, poda de formação e irrigação nos primeiros anos são essenciais para garantir o bom desenvolvimento.
Colheita e beneficiamento
A colheita geralmente ocorre entre 30 a 36 meses após o plantio, com picos duas vezes por ano. A fermentação e a secagem dos frutos são etapas decisivas para a qualidade do cacau, especialmente para mercados que valorizam o cacau fino ou orgânico.
Mercado aquecido e apoio institucional
O Pará é hoje o maior produtor de cacau do Brasil, e o Sul do estado desponta como nova fronteira agrícola da cultura. A demanda por cacau de origem sustentável e de qualidade está em alta, inclusive no mercado internacional.
A Emater, junto com a Ceplac, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) e outras instituições, vem prestando suporte técnico para agricultores que desejam iniciar ou ampliar suas áreas com cacau. Também há acesso a linhas de crédito rural como o Pronaf Floresta, além de incentivos para práticas agroecológicas.
Para o técnico agrícola Antônio Moraes, da Emater em Tucumã, a expansão da cacauicultura na região representa um avanço no modelo de agricultura familiar:
“O cacau é uma cultura permanente, que agrega valor e favorece o uso racional da terra. Quando bem manejado, o sistema agroflorestal com cacau gera renda estável, protege o solo e combate o desmatamento”.
Futuro promissor
Com clima úmido, chuvas regulares e temperaturas médias acima de 24ºC, o Sul do Pará reúne as condições ideais para a produção de cacau de alta qualidade. O desafio está em fortalecer a assistência técnica, ampliar o acesso ao crédito e consolidar canais de comercialização para que o cacau se torne ainda mais uma alternativa de transformação econômica e ambiental na região.