Pupunha: o ouro laranja da Amazônia que alimenta, gera renda e preserva a floresta

Fruto típico da região Norte, a pupunha se destaca na agricultura familiar como símbolo de tradição, sabor e sustentabilidade.

Heitor Mesquita
15/04/2025 18h15 - Atualizado há 4 dias
Pupunha: o ouro laranja da Amazônia que alimenta, gera renda e preserva a floresta
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Com seu tom alaranjado vibrante, sabor marcante e alto valor nutricional, a pupunha  ou pupunheira, como também é conhecida é muito mais do que um fruto exótico da Amazônia. Cultivada por comunidades ribeirinhas, agricultores familiares e populações tradicionais, ela é fonte de alimento, renda e identidade cultural. Nos últimos anos, o fruto tem ganhado espaço não apenas nas feiras e mercados locais, mas também na gastronomia brasileira e até na exportação, impulsionando o desenvolvimento rural sustentável.

O que é a pupunha?

A pupunha (Bactris gasipaes) é o fruto da palmeira pupunheira, nativa da Amazônia. Seu tamanho varia entre 4 e 6 cm, e a casca pode ir do amarelo intenso ao vermelho-alaranjado. A polpa, rica em carboidratos, fibras e vitaminas, é geralmente cozida e consumida com sal ou manteiga.

Além do fruto, a pupunheira também é valorizada por seu palmito, considerado um dos mais sustentáveis do mercado, por permitir o replantio sem a morte da planta  ao contrário do açaí ou do juçara.

Importância econômica para o produtor rural

A pupunha é uma cultura estratégica para o pequeno agricultor da região Norte, especialmente no estado do Pará. De fácil manejo, com colheita anual e boa resistência a pragas, ela representa uma fonte constante de renda para famílias que vivem do extrativismo ou da agroecologia.

Além disso, cooperativas e associações têm fortalecido a cadeia produtiva da pupunha, incentivando o beneficiamento local  como a produção de farinha, doces, licores e conservas agregando valor ao fruto e gerando empregos.

Depoimento:
“Com a pupunha, consigo tirar o sustento da minha família sem precisar derrubar a mata. A gente planta, colhe e replantamos tudo de forma natural.”
— Raimundo Ferreira, agricultor de Igarapé-Miri (PA)

Cultura, tradição e gastronomia

Presente nas mesas paraenses especialmente entre março e junho, a pupunha é um símbolo da cultura alimentar amazônica. Servida com café, no lanche da tarde ou nas quermesses, ela também vem sendo redescoberta por chefs de cozinha, que a utilizam em pratos doces e salgados, como purês, mousses, tortas e até hambúrgueres veganos.

Sustentabilidade e agroflorestas

Por ser uma planta de crescimento rápido e adaptável a sistemas agroflorestais, a pupunha tem sido incorporada em projetos de reflorestamento e conservação ambiental.

O cultivo consorciado com outras espécies como cacau, cupuaçu e banana permite a recuperação de áreas degradadas, promovendo biodiversidade e segurança alimentar.

Desafios e oportunidades

Apesar do potencial, a cadeia produtiva da pupunha ainda enfrenta desafios como a falta de assistência técnica, dificuldades logísticas e pouca visibilidade nacional. No entanto, iniciativas de pesquisa, capacitação e políticas públicas voltadas para o fortalecimento da agricultura familiar têm ampliado as oportunidades.

A pupunha é mais do que um fruto nutritivo e saboroso: ela é um exemplo de como o campo, a floresta e a cultura podem caminhar juntos. Investir na valorização desse produto é fortalecer o homem do campo, a biodiversidade amazônica e os saberes ancestrais que resistem e florescem no coração da floresta.


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