Alerta de desmatamento na Amazônia cresce em abril e acende sinal de alerta no governo federal

Apesar da queda no acumulado do ano, aumento de 55% no último mês preocupa autoridades; planos emergenciais são discutidos

10/05/2025 09h16 - Atualizado há 1 mês

O combate ao desmatamento na Amazônia ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira (8), após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgar um aumento significativo nos alertas de supressão florestal para o mês de abril. De acordo com os dados do Sistema Deter, houve um crescimento de 55% nos alertas, em comparação ao mesmo mês de 2024, o que acendeu um alerta no governo federal.

Embora o acumulado entre agosto de 2024 e abril de 2025 ainda indique uma queda de 5% no desmatamento, o pico de abril foi suficiente para mobilizar o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e reunir a Comissão Interministerial de Prevenção e Controle do Desmatamento, com o objetivo de reavaliar estratégias e intensificar ações em campo.

Governo mobilizado para conter avanço

“O mês de abril chama atenção porque foi um aumento significativo em relação à série que vínhamos tendo”, afirmou João Paulo Capobianco, secretário-executivo do MMA. “Nos próximos dias, vamos reorganizar as ações, identificar os focos críticos e ajustar as medidas para manter a curva de queda.”

O foco das ações emergenciais será nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Pará, que concentraram a maioria dos alertas recentes. A ministra Marina Silva reforçou o compromisso do governo em manter uma redução consistente e duradoura no desmatamento, envolvendo 19 ministérios na coordenação do plano nacional.

“O nosso objetivo é chegar ao final do ano, em 31 de julho, com desmatamento em queda em relação ao ano anterior”, disse a ministra.

Dados mistos em outros biomas

Além da Amazônia, os alertas de desmatamento também apresentaram aumento de 26% no Cerrado em abril, segundo o Inpe. No entanto, no acumulado desde agosto de 2024, o bioma registra uma queda de 25%, reforçando a tendência de desaceleração.

Já no Pantanal, os números são ainda mais otimistas: o mês de abril teve queda de 77% nos alertas e nenhum foco de incêndio registrado, o que é considerado um marco positivo para o bioma que vem sofrendo com queimadas históricas nos últimos anos.

Novos planos para outros biomas

Durante a reunião da comissão interministerial, a ministra Marina Silva anunciou também a aprovação dos planos de prevenção e controle do desmatamento da Mata Atlântica e do Pampa, os dois biomas que ainda não contavam com políticas específicas. Agora, todos os biomas do país possuem um plano oficial de combate à degradação ambiental.

Monitoramento em tempo real e ações preventivas

O Deter, sistema de monitoramento por satélite do Inpe, é o principal instrumento de alerta rápido sobre desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Ele identifica evidências de alteração da cobertura vegetal e subsidia as ações de fiscalização do Ibama e outros órgãos ambientais.

No entanto, a medição oficial da área desmatada é feita anualmente pelo Prodes, também coordenado pelo Inpe, entre os meses de agosto e julho, período que compreende a estação seca da Amazônia Legal.

Segundo André Lima, secretário extraordinário de Controle do Desmatamento do MMA, os picos mensais identificados pelo Deter permitem que o governo atue preventivamente, sem esperar a consolidação das taxas anuais:

“A ferramenta permite detectar tendências. Abril pode ser apenas um pico isolado — ou o início de uma reversão. Por isso, estamos reagindo agora, antes que os números se agravem.”


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